sábado, 13 de julho de 2013

Guerra Mundial Z (Análise e Crítica)

Desagradando talvez uma audiência que esperava por sangue e crânios dilacerados, o filme se mostra um entretenimento com história coerente e capaz de tramitar em diversos gêneros, como suspense, ação, drama e até humor

A princípio, qualquer pessoa pode ser levada a imaginar que “Guerra Mundial Z” se trata de mais uma produção oportunista que se agarrou ao filão dos zumbis, os quais voltaram aos holofotes em 2010, quando a série televisiva “The Walking Dead” estreou com altos índices e a partir de então vem se consagrando e tornando referência para o gênero. Porém, já com menos de 10 minutos de exibição, a película mostra a que veio: tentar elevar a mitologia dos mortos-vivos a um novo nível na sétima arte.

Dirigido por Marc Foster, o longa parte de uma premissa um tanto batida: uma pandemia, cuja origem é desconhecida, se espalha e traz caos a toda população mundial. Infectado, o indivíduo leva apenas 12 segundos para se tornar raivoso e detentor de um único desejo – a fome insaciável por carne humana saudável. Já com cidades inteiras tombadas, Gerry Lane (Brad Pitt), um ex-militar, é obrigado a entrar em campo para buscar uma possível cura ao problema, caso contrário sua família não receberá mais asilo. Até que, graças a observações feitas em diversos ataques, ele acha uma solução. Mas, para tal, terá de atravessar o globo infestado pela doença.

O que distingue “Guerra Mundial Z” de outras películas do mesmo tocante é o foco: o que se privilegia são as relações humanas e o espírito de sobrevivência, e não precisamente as aberrações. A prova disso é que sua fisionomia só é apresentada com mais detalhes no último [e melhor] ato, pois até então câmeras nervosas, filmagens distantes e ambientes escuros anuviavam a visão do espectador. É claro que existem aquelas sequências de fuga em diferentes momentos, cuja intenção maior é promover o suspense e a ação que dar alguma dramaticidade à história.

Como todo blockbuster que se preze, o roteiro apresenta situações mal estruturadas – como a sequência irreal de fatos na queda de um avião –, mas que não chegam a prejudicar tanto a totalidade da obra. E, por falar em sequências, todas elas são incríveis! Os mais de US$ 200 milhões de orçamento foram investidos em efeitos de primeira qualidade e na medida certa. Apesar da magnitude dos episódios narrados, os efeitos não soam exagerados tampouco desnecessários. O 3D fica devendo em alguns aspectos, mas cria uma atmosfera interessante de tensão por causa da proximidade, um recurso bastante explorado. Quem senta nas primeiras fileiras talvez aproveite melhor o programa.

A linguagem é outro grande mérito, devido à opção pela objetividade. Sem meias palavras ou tantos porquês, as informações chegam rápido ao público, que pode perceber na trama temas como globalização, questões ambientais, o poder midiático, política internacional, entre outros. Mesmo de maneira rasa, o filme cutuca e de alguma forma reflete acerca desses tópicos tão atuais.

Quanto ao elenco, todos estão igualmente bem em seus papéis. Lógico que o destaque cai sobre Pitt, que não decepciona mas também não chega a roubar as cenas. Apenas uma boa atuação. Mesmo fazendo a linha do “exército de um homem só”, acertaram em colocar personagens secundários que também chamaram para si a responsabilidade junto o herói. Um bom exemplo é o da atriz Lucy Aharish, que interpreta uma jovem soldada palestina. Na cena em que Lane cuida de seus ferimentos oriundos de uma mutilação para não se infectar, o grau de realismo é tanto que podemos sentir a dor da personagem.

Desagradando talvez uma audiência que esperava por sangue e crânios dilacerados, o filme se mostra um entretenimento com história coerente e capaz de tramitar em diversos gêneros, como suspense, ação, drama e até humor. E por que elevou as obras sobre zumbis? Embora também lançando mão de alguns clichês, tira, assim como “Meu Namorado É Um Zumbi”, um pouco a mitologia dos mortos-vivos de um acomodado lugar-comum, tanto explorado nos anos 1980, a fim de modernizá-la e colocar nela elementos atuais, e assim humanizando (apesar de parecer paradoxal) a situação. É o que “The Walking Dead” vem se propondo a fazer, só que em outra mídia. Quem curtiu “Eu Sou A Lenda” e “Guerra dos Mundos” possivelmente vai gostar também desta obra.

Por causa da boa aceitação, já foi dado sinal verde para a continuação, que se transformará mais tarde numa trilogia. Bem típico de Hollywood mesmo!

Nota: 7,5.

Nenhum comentário:

Postar um comentário